Neuromarketing: A busca pelo prazer imediato
O experimento foi i seguinte:
perguntaram a um grupo de alunos se eles preferiam ganhar US$ 100,00 agora ou
US$ 115,00 daqui a trinta dias. O que você preferiria? Bom, se for como a
maioria dos pesquisados, irá escolher a primeira opção, receber o valor
imediatamente, afinal, como diz o ditado, “é melhor um pássaro na mão do que dois
voando”, não é mesmo?
Várias
adaptações deste experimento já foram realizadas, com valores monetários como o
mencionado, como também com vale compra, na qual foi oferecido aos alunos dois
cupons de compra da Amazon, nos valores de US$ 15 imediatamente ou US$ 20 em
duas semanas. E, você já sabe a resposta. Eu mesmo já fiz este esta pergunta
uma centena de vezes em minhas aulas, e a resposta é sempre a mesma, a preferência
pelo valor menor e recebe-lo imediatamente.
Estes
casos são muito parecidos com o famosos teste do Marshmallow aquele no qual as
crianças recebiam uma clara instrução. Elas poderiam ganhar um doce
imediatamente, mas se conseguissem resistir por cinco minutos, poderiam ganhar
dois doces. As cenas são muito engraçadas, existem vários vídeos na internet
com versões deste teste, porque as crianças usam de vários artifícios para
tentar resistir a tentação, e muitas delas não conseguem resistir.
Isso
talvez explique porque é tão difícil conscientizar as pessoas para que poupem
pensando no futuro. E, também, porque muitas pessoas preferem comprar os seus
produtos pelas plataformas digitais mais retirar nas lojas físicas. Ou também
porque as pessoas preferem livros digitais porque podem compra-los e os receber
imediatamente após a sua compra – a Amazon para minimizar estes efeitos oferece
aos seus compradores alguns capítulos digitais inteiramente grátis para a sua
leitura enquanto o seu livro físico não chega pelo correio.
Mas
porque a nossa preferência por algo com um menor retorno apenas para recebe-lo
imediatamente? A economia tradicional, com o seu homo economicus procura maximizar as suas escolhas no momento da
compra? Bom, sim e não. Procuramos sim maximizar as nossas escolhas, mas não de
forma tão racional como se imagina. Racionalizamos as nossas escolhas de um
modo não tão logico assim, mas sim de acordo com as nossas mais profundas
emoções e pensamentos.
Nós
escolhemos o prazer imediato devido ao fato que nosso cérebro esta programado
para a escassez. Quando falamos “é melhor um pássaro na mão do que dois voando”
simplesmente estamos traduzindo o nosso sentimento originário da época de
nossos ancestrais, nas quais a busca pelo alimento era algo extremamente raro e
a percepção de vida, ou a sua probabilidade era muito remota, assim, eles
tinham que maximizar as suas escolhas imediatamente, ou seja, era melhor
garantir o hoje porque amanhã não existiria, ou eles (nossos ancestrais)
poderiam não existir.
Essa
percepção de garantir o hoje porque amanhã não saberíamos se existiria ainda
permanece em nosso subconsciente. Mas, mais uma vez você deve se perguntar, mas
ainda mantemos esses pensamentos depois de tanto tempo? Sim, afinal abundancia
de produtos de produtos e alimentos é algo recente em nossa sociedade, assim,
ainda mantemos o pensamento de caçador e coletora. E esse comportamento ainda é
muito forte em nossas emoções e ações em nosso dia a dia. Repare, se por
exemplo, em uma sala de aula, ou até em um varejista, se colocarmos um pote de
balas uma grande parte das pessoas pegará mais de uma bala no pote. Não fique
bravo, não é falta de educação, mas sim reflexo de nosso cérebro ancestral.
Afinal é melhor garantir o hoje porque amanhã poderá faltar.
O mais
interessante deste comportamento é que as neurociências conseguiram medir tais
comportamentos. No experimento que destacamos em relação as escolhas tendo como
parâmetro o vale compra da Amazon. Estudantes sendo tendo as suas ondas
cerebrais mapeadas revelaram que as duas opções de escolhas desencadearam
atividade no córtex pré-frontal lateral, a área do cérebro que gera emoção, o
que comprova que muitas das nossa opções de compra são relacionadas mais a
aspectos emocionais que pela razão, apesar de em muitas situações usarmos
argumentos lógicos para ratificar a nossa escolha.
Outro
ponto interessante demonstrado no experimento foi que a possibilidade de ganhar
o vale-presente naquele mesmo momento causou uma descarga de estímulo nas áreas
límbicas do cérebro da maioria dos estudantes, que s gerou uma série de
estruturas cerebrais primariamente responsável por nossa vida emocional, bem
como pela formação da memória. Descobriram que, quanto mais os pesquisados
ficavam emocionalmente animados por causa de alguma coisa, maiores eram as
chances de eles optarem pela alternativa imediata, ainda que fosse menos
gratificante. Suas mentes racionais sabiam que vinte dólares eram logicamente
um negócio mais vantajoso, mas —imagine só —as emoções venceram, e em se
tratando de comportamento do consumidor, as emoções sempre vencem.
Outro
ponto que deve ser destacado além da busca pelo prazer imediato, da escassez e
da emoção, ainda temos a impossibilidade de conseguirmos enxergar em longo
prazo. Em outra ocasião o mesmo experimento do ganho imediato foi realizado.
Mas nesse caso, os entrevistados tinham as suas fotos alteradas digitalmente
para que os mostrasse como seriam mais velhos, idosos praticamente. Apenas essa
pequena mudança no contexto fez com que os estudantes optasse pelo ganho em
longo prazo e não mais pela oferta imediata. Isso porque foi materializado o
seu futuro, ou como poderiam ser em muitos anos mais tarde. Assim, eles
conseguiram pensar no ganho de longo prazo. Assim, quando você se deparar com
uma propaganda de investimentos, como por exemplo uma previdência privada,
lembre-se que o público alvo são os jovens e a instituição financeira esta, de
forma proposital ou não, materializando a percepção de tempo e ajudando os
clientes a se decidirem.
Então
lembre-se que os seus clientes não são tão racionais como imaginam. Cuidado com
ofertas em longo prazo, porque ele terá dificuldade em compreender, e buscará o
prazer imediato. Aquela promoção na qual o cliente deve juntar cupons ou outras
compras para ganhar um prêmio pode não ser a melhor opção, porque ele busca o
prazer imediato e não em longo prazo – se tiver que usar esta promoção procure
oferecer aos seus clientes gratificações intermediárias antes da prêmio final.
Ou então
procure materializar como o cliente ficará usando o produto, como por exemplo
as famosas propagandas de produtos para emagrecimento que sempre são
comercializados em canais de venda, na qual mostram o antes e o depois de usar
o produto. Neste ultimo caso apenas mostre fotos que permita uma melhor
comparação, você já notou que sempre a foto do “antes” e sempre em preto e
branco ou com uma qualidade duvidosa, já o “depois” esta sempre colorida? Não
precisa não é? Já não basta mostrar o “antes” a pessoa com uma cara de tristeza
enorme? Então, use fotos com a mesma tonalidade de cor, certo?
Em
relação a escassez é muito comum ver chamadas publicitárias que mencionam
“ultimas unidades” ou “terminando o estoque”. Eficaz? Sim, porque trabalha com
a teoria da escassez, mas seria mais adequado se estas últimas unidade fossem
explicitadas, como por exemplo aquelas empresas que destacam que falta, por
exemplo, 20 unidades para terminar o estoque, isso porque está sendo
tangibilizado a oferta, e não esta deixando como algo vago, afinal, “ultimas
unidades” de quanto? Quanto falta para terminar?
Outro
estratégia muito usual usado por alguns canais de venda é o famoso cronometro
regressivo, destacando que esta oferta irá durar até o momento que o cronometro
será zerado. Até parece uma bomba relógio fazendo com que o consumidor tome uma
decisão imediata porque, vai que acaba e não terei mais amanhã. É melhor
garantir o hoje do que esperar o amanhã.
Assim,
estas são as formas que as empresas usam, de forma proposital ou não para
trabalhar com o nosso cérebro reptiliano que ainda pensa em termos de escassez.