Neuromarketing: Eu gosto de rostos, e você?
Porque temos uma tendência natural, e quase
involuntária por rostos? Porque quando expostos a uma mensagem publicitária que
aparece uma pessoa, seja usando o produto ou o apresentando, uma das primeiras
coisas que procuramos é o rosto da pessoa? Bom, o Neuromarketing pode, por meio
de suas pesquisas, evidenciar um de nossos mais remotos instintos relacionados
aos nossos ancestrais, aqueles ligados à nossa época de caçador e coletora.
Em
pesquisas de Neuromarketing com uso de aparelhos de Eye Tracking que identifica
os locais nos quais fixamos o nosso olhar, bem como os locais nos quais nossa
visão é direcionada durante a exposição de uma mensagem publicitária, é
evidenciado que concentramos o nosso olhar para rostos. Em uma propaganda de
perfume, por exemplo, a visão dos entrevistados que passaram por uma pesquisa
de neuromarketing procuraram primeiro o rosto da modelo, fixaram sua atenção
para esta parte do anúncio, e depois para os outros detalhes contidos na peça.
Um
outro exemplo da aplicação do Eye Tracking mostra a movimentação ocular dos
participantes em uma propaganda famosa da Volkswagen na qual um adorável
menino, fantasiado de Darth Vader tentava dominar varias itens de sua
residência, mas fracassava. Neste teste, é notório a busca das pessoas pelos
rostos dos personagens na propaganda, seja o rosto do menino, que era muito
convincente em sua apresentação, como o rosto de uma boneca que ele tentou
controlar, da face de seu cachorrinho, bem como de seus pais.
Ainda
neste caso específico, até quando tem-se uma imagem da parte interna do carro,
para valorizar o automóvel pela visão do motorista, bem como enfatizar a marca
da montadora que está em destaque no volante, a pesquisa, identificando os
movimentos oculares dos entrevistados direcionando para a parte de fora do
automóvel, buscando o rosto do garotinho. Em tempo, cabe destacar que está
propaganda que ganhou vários prêmios em seu lançamento teve que sofrer
modificações para que a marca ganhasse evidência e não concorresse pela atenção
do adorável Darth Vader. Em alguns frames do filme, após o estudo de Eye
Tracking, o automóvel aparece sozinho para não concorrer com o garotinho é
realmente conseguir fazer o que se propõe, apresentar o automóvel, e
obviamente, não vender o menininho.
Mas
porque temos está atração natural por rostos humanos. Segundo estudos de Neuromarketing,
uma imagem de um rosto humano ativa até 30 milhões de neurônios no córtex
visual. Uma atividade intensa, uma grande festa de nossos neurônios ao se
deparar com uma imagem, não qualquer imagem, mas a do rosto humano.
Pensando
em termos evolutivos, pôde-se entender que está nossa fixação por rostos pode
ser uma herança, ou resquícios de nosso cérebro reptiliano, aquele mais antigo
em termos da sua composição e configuração. Aquele que ainda não passou por
transformações significativas que possam acompanhar as mudanças que temos na
sociedade. Isso porque, quando ainda habitávamos as savanas.
Neste
período a sobrevivência era uma das questões mais importantes para o ser humano
pensar durante o seu dia. Qualquer vacilo poderia significar sua morte. Em
qualquer situação em seu ambiente natural seria um risco enorme para a sua
integridade física e, desta forma, a sua atenção estava relacionada a dois
fatores, sinais de perigo e segurança. Seu cérebro foi condicionado a estes
dois fatores. O cérebro se tornou um radar muito bem treinado e adaptado para identificar
os sinais de perigo como rastros de um animal, seus rugidos ou o seu tamanho em
um ambiente aberto. E os sinais de segurança como o rosto de outra pessoa, que
neste caso significava a sua segurança. Assim, da mesma forma que aprendemos
que rostos de crianças significa que devemos cuidar delas para manter a nossa
continuidade como espécie, rostos de adultos significava segurança,
conformidade é um ambiente seguro, afinal, em um período de insegurança
externa, aquilo que não o havia matado, seria adequado para a sua
sobrevivência.
Assim,
os nossos ancestrais, quando saíam para a caça e a coleta, em um ambiente
extremamente perigoso, afinal éramos na cadeia evolutiva o nível mais baixo, ou
seja, o prato de comida mais fácil de ser apreciado pelos predadores, a atenção
não era redobrada, mas triplicada. E o radar, se assim podemos chamar, de
sobrevivência, estava todo em alerta para encontrar sinais de segurança, sendo
o rosto de outro humano uma segurança para a espécie. É o que procurávamos a
todo momento. E esses comportamentos, por permitirem que pudéssemos evoluir até
o momento, os mantemos, visto que, às características que nos ajudaram neste
processo evolutivo, são mantidas e repassadas as gerações futuras.
Não
somos conscientes de que não precisamos mais identificar rostos para a nossa
sobrevivência, outros sinais, atualmente são mais importantes, mas nas regiões
mais antigas de nosso cérebro, tais comportamento ainda são existentes e sempre
voltam a delimita as nossas ações. Talvez seja por isso que temos a capacidade
de enxergar rostos em vários objetos, desde fatias de pão com o rosto de Jesus
Cristo sendo vendido por valores consideráveis no E-bay, como uma janela de
vidro que supostamente tinha a imagem de nossa senhora, que apesar de ser um efeito
químico decorrente da ação do sol, ainda se tornou uma fonte de peregrinação na
região do ABC em São Paulo.
É por isso que gostamos de rostos, uma herança antiga
de nossos ancestrais.