A banca da dona Carmine
O Marketing é simples. Basta uma
visão atenta para que possamos percebê-lo à todo momento em nosso dia-a-dia. E
o mais importante, com uma simplicidade e eficiência que nem as grandes
corporações, com seus vastos investimentos, nem sempre conseguem aplicar,
principalmente pela distância que procuram manter de seus consumidores.
Para exemplificar, contarei o
caso de Carmine Labanca (nome fictício para a dona da banca – foi o nome do imigrante italiano que montou
a primeira banca de Jornal no Brasil). Ela tem uma banca de jornal no
estacionamento de um supermercado perto de minha casa. É uma banca simples se
comparada com tantas que existem nos grandes centros, mas completa em sua
variedade de ofertas.
Um dia desses, em minhas férias,
eu estava procurando por uma coleção de revistas que coleciono. Já havia
passado em várias bancas, mas a resposta era a mesma: “não tenho, já acabou, ou
não sei do que esta falando”. Após várias buscas e desapontado, acabei chegando
à banca da Carmine. Como ocorreu nas outras vezes, a resposta foi que já havia
vendido todos os exemplares. Fiquei mais uma vez chateado, pois não queria
perder a coleção. Estava saindo cabisbaixo quando Carmine disse: “me deixe o
número de seu celular que conseguirei a revista para você”.
Como já estou acostumado com
falsas promessas da maioria das empresas que transacionamos, deixei o número
meio a contragosto, pois, achei que seria apenas um ato de educação de sua
parte, ou de pena ao ver minha decepção por passar em mais uma banca e ter meu
desejo frustrado mais uma vez.
Pois, não é que após dois dias
recebo uma mensagem no celular avisando que a minha revista havia chegado e
que, se ainda tivesse interesse estaria me esperando? Este fato ocorreu há
quase um ano e, toda vez que minha revista chega (é quinzenal e já estamos no
número 25!!), recebo uma mensagem muito educada informando a sua disponibilidade.
Nunca falha. Ás vezes vejo em outras bancas que a revista chegou, mas, aguento
firme o meu impulso de comprar em outro local e fico aguardando a mensagem da Carmine.
Este é um caso do poder do
Marketing. Provavelmente sem estudar o assunto, Carmine consegue usar várias
estratégias de mercadológicas para fidelizar os seus clientes. Sem a tecnologia
à disposição das grandes corporações e, com o uso de um celular e uma
caderneta, consegue ter mais informações de seus clientes do que as grandes
corporações. Sua caderneta é o seu CRM (Customer Relationship Management), seu
olhar atento é seu SIM (Sistema de Informação de Marketing) e o seu celular a
ferramenta de comunicação.
Com a sua caderneta anota
cuidadosamente quem são seus clientes, seu telefone ou endereço, o que costumam
comprar e a data de compra. Em uma ocasião ela mandou uma mensagem informando
que a editora estaria lançando uma nova coleção nos moldes da que compro, e se
eu tivesse interesse, naturalmente a guardaria com todo grado. Ela soube, com
base nas minhas informações, fazer vendas cruzadas, manter o cliente atualizado,
fazer com que as pessoas comprem mais (ao invés de gastar algumas centenas de
reais para conseguir novos clientes) e, talvez o mais importante, procura
manter um relacionamento íntimo e duradouro com os seus clientes - o principio básico de toda estratégia de Marketing
de Relacionamento.
O seu sistema de Informação de
Marketing é alimentado por sua habilidade de conhecer os seus clientes, por
meio de conversas, observações e pedidos que os mesmos costumam fazer no
momento da compra.
Sua comunicação com os clientes,
ao menos em meu caso, faz parte das modernas táticas de Marketing de Permissão.
Como ela possuí o meu telefone, poderia mandar uma enxurrada de informações à
respeito de revistas de tudo quanto é tipo, mas não, existe apenas mensagens em
datas especiais (natal e ano Novo) e quando chega a minha revista. É saber o
limite entre uma mensagem importante e o inconveniente.
Com poucas ferramentas ao seu
dispor, mas com uma vontade de satisfazer plenamente as necessidades e desejos
de seus consumidores, Carmine é um ótimo exemplo da simplicidade do Marketing.
Por estas e outras que afirmo que
o Marketing não tem mistério, seu custo é baixo e, basta apenas ter foco no
cliente.
Bom pensamento mercadológico para
você!!!!
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